Ética na Hipnose

20 de julho de 2020 Por EduTomazett

Por Israel Teles

Ética

Substantivo feminino

Etimologia

Subst. lat. ethĭca “ética, moral natural etc.”, do adj. gr. ēthikós, fem. sing. ēthikḗ “ético, relativo à moral”, substv. no neutro pl. tà ēthicá “tratado sobre a moral, ética”

Filos

1 Ramo da filosofia que tem por objetivo refletir sobre a essência dos princípios, valores e problemas fundamentais da moral, tais como a finalidade e o sentido da vida humana, a natureza do bem e do mal, os fundamentos da obrigação e do dever, tendo como base as normas consideradas universalmente válidas e que norteiam o comportamento humano.

2 POR EXT Conjunto de princípios, valores e normas morais e de conduta de um indivíduo ou de grupo social ou de uma sociedade: Parece que não há mais ética na política.

Fonte: dicionário on-line Michaelis e Google Dicionário.

A Ética depende apenas da época em questão? Se sim, ela tem realmente alguma validade? Se não, por que os princípios que norteiam as relações humanas se alteram tanto entre países e épocas diferentes? Quem pode afirmar o que é ou o que não é ética?

A facilidade de acesso à informação nos dias de hoje pode, facilmente, nos levar a um labirinto de conceitos, definições e pontos de vista. Deste modo, para não corrermos o risco de entrarmos em uma discussão sem fim, vamos nos focar na definição de Ética como mostrada no item 2 deste texto.

Conjunto de princípios, valores e normas morais e de conduta de um indivíduo ou de grupo social ou de uma sociedade

O agir com Ética está geralmente conectado ao respeito ao próximo, seja ele um indivíduo ou um grupo. Seguindo esse raciocínio, qualquer prática humana deve (ou deveria) pautar sua conduta com a devida atenção aos direitos e individualidades de cada um.

Como a hipnose, seja como prática clínica ou como entretenimento, não possui um órgão ou entidade reguladora, seus praticantes não dispõe de um código de Ética regulamentado. Mas, isso não impede que um conjunto de boas práticas não possa ser adotado para guiar suas ações. Aliás, é de extrema importância a adoção desse tipo de dispositivo.

As quatro sugestões abaixo podem ser acrescentadas às práticas envolvendo hipnose de modo a trazer mais segurança para ambas as partes: o hipnoterapeuta e o cliente/paciente.

  1. Cuidado constante com a integridade dos clientes/pacientes nos âmbitos físico, emocional e mental;
  2. Sigilo profissional;
  3. Não adentrar em práticas exclusivas de outros profissionais, realizando o encaminhamento sempre que julgar necessário;
  4. Não permitir que preconceitos interfiram no tratamento do cliente/paciente.

1. Cuidado constante com a integridade dos clientes/pacientes nos âmbitos físico, emocional e mental

O bem-estar e segurança do cliente/paciente deve sempre nortear o tratamento. O hipnoterapeuta deve sempre estar atento a sinais que possam indicar situações de risco, sejam elas físicas, emocionais ou mentais, e estar pronto para intervir ou mesmo interromper o tratamento caso julgue necessário.

2. Sigilo profissional

O sigilo de suas informações pessoais é direito do cliente/paciente e a não observância desse direito pode acarretar em ações legais.

Além disso, é de comum saber que, aliada de qualquer técnica terapêutica e fato determinante no sucesso, ou insucesso, do tratamento, está a relação de confiança entre terapeuta e paciente/cliente. E essa relação de confiança tem como uma de suas variáveis mais importantes a segurança do cliente/paciente de que seu terapeuta tratará suas informações pessoais como essas realmente são: informações de cunho pessoal.

3. Não adentrar em práticas exclusivas de outros profissionais, realizando o encaminhamento sempre que julgar necessário

Um risco, tanto para o terapeuta quanto para o paciente/cliente, é o primeiro adentra-se em searas às quais não está devidamente habilitado. Um médico que usa a hipnose como uma de suas ferramentas está agindo de forma ética quando detecta determinado problema físico em seu paciente e propõe então um tratamento, já um terapeuta que não possui a certificação em medicina jamais deve tomar a mesma atitude.

Há uma máxima da hipnose que diz: para problemas imaginários, soluções imaginárias. E é deste modo que o hipnoterapeuta deve agir, usando todas as suas ferramentas (técnicas de hipnose, pnl, psicanálise e etc) para tratar problemas relativos apenas ao âmbito mental.

Isso não quer dizer que a hipnose clínica não possa ser uma aliada no tratamento de doenças físicas, muito pelo contrário, essa é uma alternativa que tem apresentado ótimos resultados. O que se deve sempre observar são os limites desse método, encaminhando seu paciente/cliente para outro profissional sempre que essa necessidade for detectada.

4. Não permitir que preconceitos interfiram no tratamento do cliente/paciente

Parte do aprendizado da hipnose é compreender que aquilo que pode ser considerado real para uma pessoa pode não ser para outra. Uma cor, um sabor, um cheiro, tudo não passa de interpretações únicas da mente de cada um de nós.

Esse conhecimento, de que o mundo não passa de uma construção individual, também deve ser considerado pelo hipnoterapeuta quando se tratar de crenças e escolhas pessoais. A suspensão de julgamento deve ser utilizada para que preconceitos não se coloquem entre terapeuta e o paciente/cliente, dificultando ou até inviabilizando o tratamento.

Conclusão

Apesar da falta de um código de ética formal, fica claro que não falta aos terapeutas da Hipnose Clínica sugestões de alto valor para serem seguidas. Situações que fujam dessas citadas aqui devem ser ponderadas sob a ótica do respeito e, sempre, da Lei.

Um bom Pre-Talk e um contrato claro que prestação de serviços entre hipnoterapeuta e paciente/cliente pode facilitar ainda mais o tratamento, deixando claro os limites e responsabilidades de cada um dos lados